Arranque de obras de novo Centro de Triagem assinala 25 anos da AMISM

O lançamento da primeira pedra do novo Centro de Triagem da Ilha de São Miguel na segunda feira, assinalou o início de um conjunto de iniciativas que visam marcar os 25 anos da Associação de Municípios da Ilha de São Miguel.

Um evento que reuniu alguns dos atuais e antigos autarcas dos concelhos de São Miguel, bem como parceiros, fornecedores, clientes e prestadores de serviços da empresa MUSAMI, criada pela AMISM para a gestão e tratamento de resíduos sólidos urbanos.

A nova Estação de Triagem Automatizada corresponde a um investimento de 2,8 milhões de euros, cofinanciado pelo programa PO-SEUR, cujo equipamento estará concluído dentro de um ano. A capacidade instalada é de 2,5 tons/hora, o que permitirá a triagem de cerca de 4500 toneladas de resíduos por ano, provenientes dos ecopontos distribuídos pelas vias públicas bem como da recolha seletiva porta a porta.

A conceção, construção, fornecimento e montagem da Estação de Triagem Automatizada foi adjudicada ao consórcio EFACEC/Marques. A fiscalização da obra está a cargo da empresa Norma Açores.

 

Discurso do Senhor Presidente do Conselho de Administração da AMISM, pelo lançamento da primeira pedra do novo Centro de Triagem de São Miguel, que assinala os 25 anos da Associação:

 

“Fazemos hoje o lançamento da primeira pedra da futura Central de Triagem, por várias razões:

1 – Porque este concurso se concluiu e iremos iniciar a obra;

2 – Porque a Associação de Municípios da Ilha de São Miguel comemora, este ano, 25 anos de existência e;

3 – Por ser uma oportunidade para divulgarmos a nossa ação, designadamente o que fizemos ao longo destes últimos anos e a expetativa fura.

Assim, é justo reconhecer o trabalho que anteriores autarcas fizeram nesta associação e agradecer a sua colaboração, bem como a todos quantos aqui trabalharam e trabalham.

A Central de Triagem que hoje lançamos a primeira pedra e cujo funcionamento e capacidades serão aqui evidenciadas constitui uma opção moderna, com as mais atuais tecnologias e cujo valor de adjudicação é de cerca de dois milhões e oitocentos mil euros.

Este é um sinal evidente que os municípios de São Miguel apostam na valorização dos resíduos, porquanto, todo este investimento é dirigido ao tratamento, para expedição, dos resíduos que em nossas casas, ou nos ecopontos, separamos e que nós damos o devido encaminhamento valorizando-os.

Neste momento, estamos a expedir para fora da Região uma média semanal de 12 contentores deste tipo de resíduos.

A triagem é feita toda manualmente, num trabalho diário contínuo de três turnos, passará a ser feita de forma automatizada e mais limpa, valorizando ainda mais a qualidade dos resíduos que encaminhamos para o continente.

A MUSAMI teve no ano passado um volume de negócio de 4.797.976,76 € para um resultado liquido de 396.132,25 €.

O volume da faturação, no que diz respeito à triagem foi de 2.003.796,75 €. No ano de 2016, recebemos e gerimos 80.859 toneladas de resíduos.

O Ecoparque da Ilha de São Miguel constitui um projeto uniforme e delineado para tratarmos todos os resíduos de São Miguel numa lógica de economia circular, ou seja, que num futuro, que esperamos próximo, todos os resíduos recebidos serão valorizados.

Assim, para além deste investimento na triagem realizamos os seguintes investimentos:

- um aterro sanitário para deposição de resíduos provenientes da recolha de resíduos orgânicos, recentemente selado;

- um Ecocentro para deposição de resíduos provenientes da recolha seletiva de vidro, paletes, plásticos rígidos e mobiliário;

- Plataformas de triagem nas quais são triados manualmente e embalados os diversos tipos de produtos que posteriormente são expedidos para valorização através da reciclagem – que esta unidade irá substituir;

- Estação de tratamento, por Osmose Inversa, que trata os lixiviados para entrar na rede;

- Estação de valorização energética alimentada por biogás de aterro que produz mais energia do que a que consumimos;

- Aterros de suporte;

- Edifício de armazenamento de composto.

Todos estes investimentos totalizam mais de cinco milhões de euros.

Olhando para estes factos, com olhos de ver, podemos afirmar, de consciência tranquila, que o Ecoparque da Ilha de São Miguel, contribui e contribuirá ainda mais para o desenvolvimento sustentável da nossa ilha.

Se com a construção desta Central de Triagem damos um passo significativo no caminho certo, não é menos verdade, que hoje todos sabem que as alternativas que se colocam para uma boa gestão dos resíduos urbanos não passam por sucessivos aterros sanitários. Primeiro porque vivemos numa ilha, por definição geográfica com espaço limitado. Segundo porque a nossa ilha é de origem vulcânica e com uma incidência sísmica que não ignoramos. Se a um espaço exíguo, acrescentarmos a instabilidade dos nossos solos, percebemos que o aterro sanitário, para além de ser uma solução com morte anunciada, é também um destino com um risco assinalável para os nossos aquíferos.

Dirão alguns, mas então o Tratamento Mecânico Biológico não é a melhor solução? E a mais sustentável? Sem rodeios, não. O que resulta afinal deste tratamento é um composto de má qualidade, porque resulta de uma mistura conspurcada, entre outros, por metais pesados que não tem aplicação na agricultura que praticamos na nossa ilha. Ou seja, este composto seria inevitavelmente para colocar em aterro com os problemas que antes evidenciei.

Mas então a MUSAMI não tem como valorização de alguns resíduos, o composto?

Tem sim, um composto de grande qualidade derivado dos resíduos verdes que recolhemos. Produzimos 3500 toneladas deste composto. Quanto vendemos? Metade da sua produção.

Se com um composto de grande qualidade o nosso mercado consome menos de duas mil toneladas, que se dirá de um composto de segunda qualidade, só possível de aplicar em produções agrícolas com caule e não na generalidade da nossa agricultura.

Por estas razões, mas também porque consensualmente nos locais próprios, se decidiu que a ilha de São Miguel para tratar dos seus resíduos disporia de uma Central de Valorização Energética, obedecendo às melhores práticas na gestão e tratamento de resíduos, foi esta a nossa opção.

Há um momento para estudar, para refletir, para ouvir, especialmente quem sabe e há um momento de decisão. O tempo urge e nesta luta contra o tempo, não decidir é andar para trás.

Nesta Associação de Municípios, é uma prática que herdamos e reconhecemos ser a melhor, de que as decisões estruturais são tomadas pela unanimidade dos municípios da ilha de São Miguel. Ou seja, basta que um dos municípios vote contra e não haverá decisão.

Felizmente e até hoje, esta prática de deliberação unânime tem-se revelado não só boa prática, como não nos tem impossibilitado de decidir.

Convém deixar claro que, como em tudo na vida, não pensamos todos da mesma maneira, que há opiniões diferentes, esta é a riqueza da democracia, ninguém como os escolhidos pelo povo sabe disso melhor. Mas é bom relembrar que quem depois de estudar, de refletir, não decidir porque uns discordam, então ficaríamos condenados a não avançar e a deixar tudo na mesma enquanto os nossos vizinhos avançam.

A AMISM – Associação de Municípios da Ilha de São Miguel celebra 25 anos. Foi uma boa iniciativa, que produziu bons frutos através das sinergias que, todos juntos, podemos obter, designadamente na gestão e tratamento de resíduos.

Se nos resíduos temos bons resultados, estou convencido que podem existir outras áreas que a conjugação de esforços dos municípios traria também bons resultados a favor das populações que cada município serve.

Haja vontade e determinação.

Uma palavra final a todos os municípios da ilha de São Miguel por nos ajudarem a tornar a missão mais fácil.

Obrigado a todos!”

 

Ricardo Rodrigues

(Presidente do Conselho de Administração da AMISM)

 

Ponta Delgada, 19 de junho de 2017

21/06/2017